sexta-feira, 6 de maio de 2016

Revista Bioética 2016; 24 (1)



Nos últimos três anos a palavra "etica" vem ocupando a cena nacional. Se o uso crescente do termo parece indicar a renovada importância que a noção ganhou no imaginário social poder-se-ia afirmar que anteriormente os brasileiros prescindiam de ética, que não a valorizavam nas inter-relações sociais? Em absoluto. O que começa a mudar em nossa sociedade são os valores que sustentam a moralidade social.É exatamente no espírito desta nova moralidade, no ensejo por uma sociedade justa, por um governo responsável e transparente, pelo fim da corrupção institucionalizada pelo "jeitinho brasileiro" e pela concretização das garantias constitucionais que se pode entender a importância de documentos como a nota lançada em 23/02/16 por diversas entidades de pesquisa, ensino e prestação de serviços públicos de saúde, bem como de educação em saúde, contra o corte no orçamento do Sistema Único de Saúde. Assinalando que esse corte impõe ao setor perda de aproximadamente R$10 bilhões em 2016, o documento refere também o aumento da população e a redução do acesso à assistência privada de saúde, como decorrência do fechamento de postos de trabalho, ponderando que na prática, os recursos aportados sejam ainda menores. Sublinhando o difícil cenário epidemiológico atual, marcado pela crescente disseminação de doenças infectocontagiosas como dengue, zika e chikungunya que podem ser atribuídas à falta de investimento governamental ao longo de décadas.