Nessa busca pela universalidade, a bioética também deve assumir o desafio estratégico de interagir com outras áreas científicas, como a one health ("uma só saúde"). Isto é, precisa aceitar que tem também o dever de promover a saúde
global e que essa é uma responsabilidade histórica das gerações atuais
para com as vindouras.
Nesta fase pós-pandêmica importa que existam esforços concertados no
plano internacional para que problemas de saúde que ultrapassam um país,
ou um continente, sejam eficazmente combatidos por uma ética global
para uma saúde global. Ou seja, ética global e saúde global são parte de
um todo indivisível.
A bioética e o biodireito devem ter a capacidade de prever a evolução da
medicina, da ciência e da tecnologia, apresentando respostas eticamente
adequadas, de modo que os cidadãos se sintam tranquilos e confiantes
com o avanço da ciência e a integridade dos pesquisadores. Daí a enorme
relevância dos comités de ética em garantir os valores éticos nucleares
da medicina e os princípios e boas práticas de conduta na investigação.
Em síntese, essa encruzilhada em que se encontra a bioética pode ser uma
enorme janela de oportunidade de reinventar um novo caminho e se
projetar definitivamente em escala mundial. Assim, a bioética deve
adaptar-se à realidade conjuntural de cada sociedade, promovendo sempre
os valores e princípios éticos universais, nomeadamente os que constam
na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Organização das Nações Unidas em 1948, e na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 2005. Ou seja, essa geometria variável é necessária para sua sobrevivência e globalização.
O ano de 2023 será, então, de enorme ambição para esta revista, que é hoje uma referência internacional da bioética.
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